COMPARTO CON LOS AMIGOS ALGUNOS DE MIS POEMAS
TRADUCIDOS AL PORTUGUÉS POR EL POETA ANTONIO MIRANDA
A BIBLIA, AO CONTRÁRIO
desenhada assim
com esta injusta de embaralhar os naipes
a humanidade
é apenas um tremor
uma idade amarela
para os excluídos
REDE CONCEITUAL
tomemos a visão do poeta:
um rio não é um rio
senão um dromedário numeroso
de lombos fugidios
tomemos a visão do geógrafo:
um rio não é um rio
senão o deslocamento
de afluentes hídricos
tomemos a visão do biólogo:
um rio não é um rio
senão o habitat aquoso
de entidades bióticas e abióticas
tomemos o exemplo do matemático:
um rio não é um rio
senão o coeficiente que resulta
de restar a abstração de certos números
tomemos a visão do filósofo:
um não é um rio
senão a especulação baseada em um elemento líquido
no qual jamais nos banharemos duas vezes
muito bem, e em resumo:
um não é um rio
senão um dromedário que sua cartográfico habitat
deambula especulando
entre coeficientes imaginários
ergo: um não existe
inquietude final:
entenderá o homem
que essa aguinha que molha seus pés na margem
em verdade, é apenas uma ilusão ótica?
SAND
CLOCK
Montado em cima da televisão da sala
um diminuto relógio de areia
deixa fluir as horas
grão a grão
como um traidor à espreita
apesar de suas ínfimas proporções
se ergue sobre meus dias
com o moral do vitimário
deleitando-se
na cena do crime
duvido que este poema mereça
o desagravo à sua odioso tarefa
mesmo assim escrevo, pedra a pedra
estas palavras
não seja que a parca se disfarce de tempo
e afile seu gadanho entre meus dentes
justo no umbral
no mesmíssimo umbral
do último grão por cair
Montado em cima da televisão da sala
um diminuto relógio de areia
deixa fluir as horas
grão a grão
como um traidor à espreita
apesar de suas ínfimas proporções
se ergue sobre meus dias
com o moral do vitimário
deleitando-se
na cena do crime
duvido que este poema mereça
o desagravo à sua odioso tarefa
mesmo assim escrevo, pedra a pedra
estas palavras
não seja que a parca se disfarce de tempo
e afile seu gadanho entre meus dentes
justo no umbral
no mesmíssimo umbral
do último grão por cair
BIBLIOTHEKAI ALEXANDRIA
seguro de si mesmo
Calímaco de Cirene
repousa o olhar em um universo errante
não o esmaga o conteúdo
desvela-o essa necessidade de ter à mão
de dar-lhe uma ordem
um forma alfabética de registrar a memória
com seus dedos
acaricia — metaforicamente —
cada estante
cada pinakoi
e se comove com o murmúrio de nomes
de crenças e ritos
pistas ancestrais que depuram
os vestígios de uma raça afastando-se do símio
logo, reordena com paciência os rolos
e do catálogo
navegam à vontade
as vozes do homem novo
para ele não é utópico pensar que o mundo
fique reduzido a essas tábuas
para ele não há idiomas, língua ou balbucio
que detenha a compreensão do já vivido
insatisfeito, exausto mas íntegro
Calímaco descansa ao finalizar o dia
Sabendo que a luz não só provém dos astros
senão que cada lâmpada estala
seminalmente na escritura
então a cinza, toda pretensão do saber
então, o bibliotecário dorme...
e em seu sonho, o fogo o desborda
condena à cinza, toda pretensão do saber
uma história que, por humana, merece ser havida
longes das premonições,
o homem de Cirene desperta:
a manhã devolve a algazarra dos pássaros
e o mar (eterno, imponente)
se filtra novamente em seu nariz
com esse mesmo odor
das coisas perduráveis...
fuente: FACEBOOK.COM DEL POETA PIERO DE VICARI
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